cloud network

 

Antonio Carlos Pina*

17 de Agosto de 2015 – 08h20

A maioria das empresas brasileiras já aceitou que a utilização de nuvem para a hospedagem de seus sistemas corporativos (ERPs, CRMs, fileserver, EADs, ecommerce, databases etc) é a melhor forma de reduzir as necessidades de investimento constante, para garantir a operação e o desenvolvimento com estabilidade.

Mesmo em épocas de pouco crescimento, existe o contínuo aumento de dados (e-mails, históricos, bancos de dados e outros) e a nuvem entrega esse tipo de serviço sem que exista a dependência de grandes recursos em Capex, hardware, storages, geradores, no-breaks e assim por diante. No entanto, com a atual crise, dois riscos passaram a incomodar: o dólar e o pagamento por consumo (“pay-per-use”).

O pagamento por consumo (“preço variável”) é muito interessante quando se está montando uma arquitetura ou um novo projeto, pois o custo aumenta ou reduz à medida que a arquitetura vai sendo testada e construída. É a opção perfeita para desenvolvedores, por exemplo. Entretanto, pode ser uma armadilha para sistemas com arquitetura já determinada e sólida. Estes, por sua vez, podem se beneficiar muito mais de preço fixo e previsível, sem variações e sustos que possam compor o orçamento.

Muitas empresas optam por provedores de nuvem que também forneçam preços fixos, até mesmo garantidos em contratos, para seus sistemas corporativos. Neste caso, é uma defesa inclusive contra a inflação, além de um instrumento jurídico que garante a qualidade e continuidade do serviço prestado. E o provedor de nuvem verdadeiramente elástica sempre permitirá aumentar os servidores, para conter demandas emergenciais e não previstas.

O dólar, entretanto, é uma variável que não se controla. A crise atual possui um alto grau de incerteza política e econômica, com o agravante da possibilidade do aumento dos juros americanos e do corte do rating do Brasil. Neste cenário, economistas são unânimes em apostar que essa moeda vai subir. E apontam cenário volátil até o segundo semestre de 2016.

Felizmente, há uma solução imediata contra essa instabilidade. Provedores de nuvem brasileiros, com preços em reais, e que mantêm os custos previsíveis e sob controle. Não devemos obviamente confundi-los com empresas nacionais, revendedoras de nuvens internacionais, que estão expostas aos riscos acima mencionados. Refiro-me a reais provedores com plataforma elástica própria, sólida e de excepcional qualidade, que representam tranquilidade e controle nos custos de TI.

Porém, como escolher um bom provedor de nuvem? Não é difícil, pois basta realizar um assessment de provedor de serviços. Apresento aqui sete questões iniciais muito importantes a verificar:

1. Há quanto tempo o provedor existe no mercado? Seu tempo de existência reduz o risco de migrar para um provedor que pode fechar repentinamente. Afinal, os mais antigos já passaram por várias crises e sobreviveram;

2. É um especialista? Quando a nuvem iniciou, muitos provedores de datacenter ou hospedagem de sites passaram também a oferecê-la em seu portfólio. Se a nuvem não for fonte primordial de faturamento, pouca atenção será dada à sua qualidade;

3. Utiliza datacenters TIER III para estabilidade máxima? Sem eles, podem-se sofrer quedas de energia elétrica ou de refrigeração. Verifique se seu provedor permite a visitação nas suas instalações e vá até lá checar, se possível;

4. Possui hospedagem no Brasil? Devido à latência, pagar em reais e hospedar fora do País pode ser um risco. Sistemas transacionais (corporativos, como ERP e CRM) necessitam de baixa latência para operar corretamente e a hospedagem internacional não garantirá um SLA de latência;

5. Possui plataforma própria elástica? Mesmo focando em custo fixo, devemos nos precaver para qualquer crescimento imprevisto sob demanda. Uma plataforma elástica permitirá isso e o posterior retorno aos níveis contratuais;

6. Possui múltiplas conexões com a Internet para melhor performance e estabilidade? Não importa o tamanho do link de dados do provedor. Se for apenas um fornecedor, o risco de queda ou latência é enorme;

7. Como funciona e qual o tamanho do atendimento? Há suporte técnico, time de projetos, equipe de vendas especializada em nuvem e múltiplos canais? Empresas que atendem apenas por e-mail, chat, ou ainda por um único canal telefônico podem esconder times muito pequenos, em que a demissão do “faz tudo” pode representar um problema para o seu projeto.

Depois de todos esses pontos, vale a pena conversar com a equipe técnica do provedor sobre suas necessidades e ficar atento à qualidade das respostas. Dá um pouco de trabalho no início, mas a tranquilidade para os próximos meses certamente compensará.

*Antonio Carlos Pina é diretor de tecnologia da Mandic Cloud Solutions

Fonte: Computerworld